Notas de Interés

Os três fatores que mais afetam a digitalização nas empresas

Por: José Folha - Gerente de Portfólio de Produtos para a América Latina da Festo

 

A digitalização está cada vez mais presente no dia-a-dia. Desde a vida cotidiana, meios de transportes, comunicações, com a forma que se lida com o ensino e lazer, até na maneira que a globalização está transformando a vida empresarial e os modelos de negócios das empresas ao redor do mundo.

Para tratar desse tema três fatores são extremamente importantes de serem analisados: pessoas, processos e tecnologia. A seguir, se apresentarão algumas reflexões para cada um desses fatores.

 

Pessoas

 

Em um mundo em constante mudança, o ser humano tenta se adequar às novas situações do mercado de trabalho. Isso não é novo e acontece desde a primeira revolução industrial, mas atualmente, a inteligência artificial e Machine Learning, trazem uma nova perspectiva de substituição de empregos por robôs.

Caso isso aconteça, por outro lado, serão criados outros postos de trabalho para sustentar este processo de transformação.

Os robôs precisarão ser criados e as pessoas que criarão esses robôs necessitarão aprender como se faz isso por meio de faculdades e especializações nas áreas afins. Ainda, computadores e mainframes precisarão ser fabricados para esses robôs fazerem seus trabalhos entre outras tantas infraestruturas necessárias.Há, portanto, uma cadeia de fornecimento que que terá posições reforçadas no caso de haver uma diminuição de empregos em um elo desse sistema.

Instabilidades certamente acontecerão. O trabalho é um dos pilares para os seres humanos e qualquer restrição nesse campo pode causar diversos efeitos colaterais. Em uma análise mais ampla, a possibilidade de haver uma crise de emprego mundial pelo motivo da substituição de profissões por robôs é muito escassa, porém, se isso acontecer, em pouco tempo o sistema se estabilizará e provocará uma nova onda de mudanças.

O principal fato da crise de empregos atual é que sim, muitos trabalhos estão sendo substituídos, porém, as pessoas não estão prontas para assumirem as necessidades que o mercado está trazendo à tona e a preparação para essas demandas é intensa pois exige uma flexibilidade mental muito difícil de ser alcançada.

Para essa reinvenção individual, os profissionais necessitarão mais do que nunca serem flexíveis. Não somente em suas relações interpessoais, mas também consigo, de forma que se permitam substituir conceitos consagrados por novas visões de uma maneira rápida. Demandarão também de muita energia para se reinventarem a cada novo movimento das peças do jogo chamado vida.

Esses profissionais precisarão se transformar em protótipos em desenvolvimento e utilizarem-se de todos os recursos disponíveis para fazer de si objetos relevantes para o mercado e hábeis em se remodelarem para novas possibilidades.

A própria utilização da tecnologia, de forma que seja produtiva e eficaz é um dos grandes desafios. A maioria dos seres empregáveis possuem consciência sobre seus desafios e o que necessitam aprimorar, porém, poucos se dedicam a isso de forma eficiente.

A internet e a conectividade digital são grandes vilões da eficácia individual. O labirinto de possibilidades que se apresenta é tão grande e atrativo que capta a atenção da maioria dos Netzens (os cidadãos da internet). Ainda, os “smarteverything” estão competindo desviando o foco das pessoas em todos os momentos de suas vidas e esses equipamentos são muitas vezes como portais que uma vez acessados não permitem o retorno do ser “captado”. A capacidade de se manter focado e a determinação continuarão sendo competências fundamentais para a pessoas no mercado de trabalho, porém, serão necessários em muito maior intensidade, pois um momento de distração pode interferir no eixo da atenção e prejudicar uma tentativa de reestabelecer o foco na ação na execução.

 

Processos

 

Por muito tempo as empresas buscaram constância em seus processos para aumentarem a velocidade, diminuírem falhas, melhorar os custos e dessa forma obterem vantagem competitiva sobre seus concorrentes. Isso não aconteceu somente na produção, mas em todas as fases e processos. Seja no desenvolvimento de produtos e soluções, na implantação de projetos e estratégias ou em qualquer outra sequência de eventos, porém, no mundo da indústria 4.0 onde o lote de tamanho unitário é um lema, todos os processos estão em uma berlinda, pois devem se adaptar para as demandas dos clientes da forma mais autônoma possível, mantendo ainda os padrões anteriores de qualidade e melhorando prazos e custos.

Por isso, as empresas precisam se atualizar. Muitas tentarão resistir e provavelmente falharão em sua jornada de estabilidade. Outras tentarão se adaptar de forma brusca e falharão por não conseguirem se familiarizar com a nova realidade em tempo hábil para suprir os requisitos solicitados. Mas existirão aquelas empresas que farão isso de maneira inteligente, se ajustando gradativamente e a cada novo desafio decidindo de forma consistente seu novo passo.

Os processos por muito tempo foram procedimentos rígidos e burocráticos que garantiam a perfeição da execução de tarefas. Atualmente esse conceito está sendo redefinido para um formato end-to-end no qual as etapas a serem seguidas são definidos a cada instante com apenas a missão do resultado desejado como norte da decisão.

Com a digitalização, muitos processos estão sendo substituídos por robôs, que por serem máquinas, não possuem apego às ideias antigas. Em um futuro próximo, muitos processos serão robotizados, porém, serão integrados e supervisionados por seres humanos com as habilidades necessárias para lidar com situações críticas de maneira natural. Isso poderá ser realizado em atividades repetitivas, porém, irão se disseminar muito nos processos de integração entre áreas, como por exemplo, vendas e produção ou vendas e logística, ou ainda logística e marketing, fatores que, atualmente, são os grandes pontos de diferenciação nas empresas de sucesso.

 

Tecnologia

 

A tecnologia mudou a forma do homem se comportar no mundo nos últimos 500 anos, porém, é algo muito recente. Se alguém afirmasse no começo do século XX que o homem pisaria na lua em 1969, seria tachado de louco e atualmente pode ser que alguém ainda seja tachado de louco se afirmar que em 50 anos o homem habitará Marte, o que já não é tão implausível assim.

Todos hoje possuem de certa maneira a tranquilidade de saber ser possível o impossível, de aceitar que há muitas coisas que não se sabe e isso traz a possibilidade para sua própria decisão.

As novas tecnologias que irão se desenvolver deverão levar em conta suas interações e que caminho devem seguir para se conectarem de maneira eficiente aos novos tempos. É fato também, que a humanidade está hoje em mais um ponto de inflexão que tornará o futuro distante em muito pouco tempo.

Nas relações empresariais, a tecnologia tem um papel fundamental, seja para aumentar a eficiência ou até mesmo para restringi-la. Nesse sentido, ao se definir a implantação de determinada tecnologia, os líderes das empresas devem avaliar os reais benefícios para seus resultados em vez de embarcarem em ondas de modismos.

A necessidade de ser digital está transformando a vida das pessoas e certamente vai impactar ainda muito mais na maneira com a qual todos se relacionam e a forma de trabalho no mundo. As leis não estão conseguindo acompanhar a evolução e o surgimento de novos agentes com suas novas possibilidades de relacionamentos humanos e até mesmo não humanos. É provável também, que clássicos como Matrix, Eu Robô, possam se tornar realidade em pouco tempo e nesse novo tempo, porque não outros como Star Wars e The Jetsons?

 

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